Alguns
dos leitores talvez nunca tenham tido uma experiência fora-do-corpo.
Quer nos apercebamos disso ou não, entretanto, todos nós
já estivemos fora dos nossos corpos em numerosas ocasiões
durante o sono. Pesquisas realizadas por Hart, Green, Haraldsson e outros,
indicam que a experiência fora-do-corpo não é uma
ocorrência rara. De acordo com a minha própria experiência
com pessoas interessadas na metafísica, porém, parece
que relativamente poucas desenvolveram a capacidade de induzir essas
experiências de um modo voluntário.
Mas
por que iria alguém querer aprender como deixar deliberadamente
seu próprio corpo? No final das contas, todos teremos de o deixar,
de qualquer jeito, então por que a pressa? E mesmo que possamos
aprender como viajar fora dos nossos corpos, quem garante que seremos
capazes de encontrar o nosso caminho de volta? Por outro lado, se é
verdade que as pessoas podem aprender a induzir experiências fora-do-corpo,
talvez seja possível ter acesso a toda uma nova e vasta área
de potencial humano - uma área que poderá elucidar algumas
das indagações fundamentais que a humanidade sempre formulou.
A morte é o fim ou apenas um outro começo? Se sobrevivemos
à morte, em que grau ainda nos conheceremos como sendo nós
mesmos? Qual é a finalidade suprema subjacente em nossas vidas
neste fascinante e às vezes turbulento planeta? O que é
que realmente se passa aqui?
As
explorações extracorporais podem expandir tremendamente
o nosso entendimento acerca da vida e do universo. Para aqueles leitores
que tiveram pouca ou nenhuma experiência nessa atividade, é
importante notar sobre que espécie de experiência estamos
realmente falando. Não estamos falando de alguma vaga alucinação.
Estamos falando a respeito da realização de um estado
de total clareza e viva sensibilidade enquanto fora do próprio
corpo. Quando nos encontramos plenamente conscientes fora do nosso corpo
e a sensação é tão real quanto a nossa experiência
física normal, esse é o momento em que paramos para refletir
sobre o que está acontecendo. Se tivemos essa experiência
por várias vezes, fica difícil rejeitá-la como
um mero acaso ou produto fantasioso da nossa imaginação,
e é muito possível que comecemos alterando o modo de encarar
o universo. Essas experiências são com freqüência
tão extraordinárias e poderosas que podem afetar alguns
dos nossos mais fundamentais sistemas de crenças.
Aprendendo
a Viver com a Vida Eterna
As
pessoas que tiveram uma vívida experiência fora-do-corpo
consideram-na uma das mais intensas experiências de suas vidas.
A EFDC proporciona-lhes uma natural e excitante oportunidade para vivenciar
sua identidade independente da forma física, enquanto ainda estão
vivas. Seus sistemas de crenças a respeito da morte são,
com freqüência radicalmente alterados. Conheceram realmente
a sensação de estar vivas e conscientes, de um modo inequívoco,
embora aparentemente desligadas de seus corpos físicos. Se bem
que suas experiências não constituam prova científica,
essas pessoas sentem, na grande maioria das vezes, dispor agora de um
conhecimento que, simplesmente, não possuíam antes: o
de que a existência delas não é dependente de seus
corpos físicos.
Para
os indivíduos que temem a morte, essas experiências resultam
freqüentemente numa significativa redução desse temor.
Aqueles que já acreditam na vida depois da morte podem descobrir
que suas explorações fora do corpo as habilitam a compreender
isso num nível muito mais profundo e emocional. Um novo sistema
de crenças a respeito da morte pode exercer um efeito verdadeiramente
poderoso sobre o modo como vivemos as nossas vidas. Para mim, foi somente
depois que tive experiências fora-do-corpo que comecei, de fato,
a compreender que esta realidade física é apenas uma etapa
no caminho de nossa maior existência. Muitas pessoas passam pela
vida temendo a morte ou pensando que a morte não as preocupa
agora e, por conseguinte, deixam escapar a oportunidade de adquirir
grande sabedoria e as mais vastas perspectivas decorrentes do uso da
morte como mestra. Como resultado das experiências fora-do-corpo
que tenho tido ao longo dos anos, posso agora afirmar com toda a sinceridade
que pouco ou nenhum medo tenho da morte. Pelo contrário, estou
realmente aguardando-a e espero que ela seja excitante e divertida.
Isso não significa que eu esteja com muita pressa em deixar esta
realidade, pois não estou, em absoluto.
Apenas
sei, num nível intuitivo, que quando chegar a minha hora de deixar
esta realidade, ver-me-ei fora do meu corpo físico, plenamente
vivo, plenamente consciente, conhecendo-me ainda como eu mesmo e pronto
para a festa. Só quando compreendi que o jogo não terminou
e ainda tem outros tempos a serem jogados é que pude encarar
a morte de frente, por assim dizer, e escutar realmente seus ensinamentos.
Como deixei de temê-la ou de me sentir inquieto a seu respeito,
sou mais propenso a enfocar a realidade da transitoriedade da vida e
a usá-la como fonte de inspiração. Esse enfoque
faz-me querer maximizar a vida em todos os aspectos. Ajuda-me a entender
que os momentos que passo junto das pessoas a quem amo são totalmente
ímpares, são momentos únicos, e mesmo que os conheça
em outros tempos ou outros universos, as coisas nunca mais voltarão
a ser inteiramente as mesmas. Ajuda-me a eliminar por completo todos
os absurdos, todas as tolices e ninharias, tão fáceis
de pensarmos que são importantes. Ajuda-me a saborear e a usar
a minha energia em vez de malbaratá-la. Ajuda-me a abandonar
as preocupações e a desfrutar o meu dia.
Procuro
muitas vezes lembrar-me deliberadamente de como as nossas vidas físicas
são, na verdade, temporárias. Embora também acredite
que cada momento é eterno, os momentos dos nossos dias representam
o ponto de nossa viva atividade; cada um deles é único
e precioso. Se desperdiçamos esses momentos, se procrastinamos,
se não nos esforçamos por obter o que amamos e por tentar
fazer as coisas que queremos, só temos que nos queixar de nós
mesmos. A percepção corrente de que a morte não
é o fim pode afetar todo o nosso modo de agir. Quando realmente
compreendemos que iremos viver para sempre, talvez descubramos estar
propensos a corrigir o rumo de alguns dos nossos objetivos e aspirações.
Se o jogo vai realmente continuar ad- infinitum, compreender o propósito
maior da nossa participação nele torna-se uma questão
ainda mais importante.
Repetimos:
não estamos falando aqui acerca do entendimento intelectual apenas,
mas sobre uma compreensão emocional e profunda de que a nossa
identidade sobreviverá à morte. A experiência fora-do-corpo
pode transmitir essa compreensão emocional de um modo que dificilmente
será comparável a qualquer experiência exclusivamente
física.
Praticando
para o Dia da Transição
Um
número surpreendentemente vasto de pessoas que estiveram á
beira da morte ou foram consideradas clinicamente mortas e depois se
restabeleceram tem relatado experiências de quase-morte (EQM)
que são relativamente coerentes. Um dos elementos da EQM clássica
é uma experiência extracorporal. Num estudo, 37% de uma
amostra de pessoas que tinham estado à beira da morte passaram
por algo muito semelhante a uma experiência fora-do-corpo antes
de serem reanimadas. 2 Não é incomum para pessoas que
tiveram EQMs relatar que se viram pairando em seus quartos de hospital
e olhando para seus corpos físicos antes de passar à fase
seguinte da EQM. E conveniente que nos familiarizemos também
com o estado extracorporal, pois é com o que iremos ter que lidar
imediatamente após a morte. Acredito que os que estâo familiarizados
e são favoráveis às experiências fora-do-corpo
encontrarão toda a experiência da morte muito menos desorientadora.
No final das contas, não morremos todos os dias e uma pequena
preparação facilitará uma viagem mais amena e mais
agradável.
O
Caminho para o Conhecimento
E cada vez maior o número de pessoas desencantadas com os sistemas
de crença fundamentais em que a nossa civilização
se apoia. Muitas deixaram de ficar satisfeitas com os velhos mitos,
regras e mandamentos das religiões convencionais ou com a limitada
estrutura do entendimento oferecida pela ciência. As pessoas começaram
buscando respostas em outros domínios. Mais cedo ou mais tarde,
os estudiosos da metafísica voltarão suas atenções
para a possibilidade de dimensões da experiência que estão
fora do domínio dos nossos sentidos físicos normais. A
experiência fora-do-corpo é uma sedutora e óbvia
opção para quem tentar uma completa e sensível
exploração do que realmente faz o universo pulsar. Sem
dúvida, um dos mais valiosos benefícios decorrentes da
prática de EFDCs é que pode propiciar o acesso a experiências
de conhecimento direto e aos domínios mais íntimos da
existência a que todos, por fim, retornaremos. A par de uma nova
percepção consciente de vida e morte, a experiência
fora-do-corpo pode fornecer-nos uma noção empírica
do que a realidade física verdadeiramente é, pois quando
saltitamos literalmente para lá e para cá entre dois mundos,
começamos a sentir e a saber que a nossa realidade vígil
normal está bem longe de ser tão sólida quanto
pensávamos anteriormente.
E
claro, os físicos já sabem que a matéria não
é sólida. Eles afirmaram e reafirmaram que tudo o que
nos cerca - edifícios, cadeiras, até os nossos corpos
- é composto de espaço e átomos. Somos informados
de que os átomos são, na realidade, um turbilhão
de partículas subatômicas movendo-se a velocidades inimagináveis.
A matéria, dizemos, é fundamentalmente equivalente á
energia. Assim, todos nós somos seres de energia, vivendo num
surpreendente universo de energia. As experiências fora-do-corpo
também podem ajudar a aumentar a nossa compreensão intuitiva
sobre o que está acontecendo realmente aqui. Seremos capazes
de pressentir, de um modo que, em última instância, não
pode ser traduzido em palavras, que o mundo físico é,
na realidade, apenas um canal no multidimensional e cósmico aparelho
de televisão. Estamos sintonizados para uma faixa específica
de freqüências e isso é tudo o que percebemos a maior
parte do tempo. Aprender a deixar o corpo é como descobrir pela
primeira vez que podemos mudar de canal em nosso aparelho de televisão.
Há
uma enorme diferença entre teorizar acerca de outros mundos e
viajar realmente para eles. Quando efetuamos uma viagem interdimensional,
incluindo as sensações que a acompanham, as novas experiências
de como o universo realmente é podem tornar-se uma parte de nós.
Isso significa ir muito além da compreensão intelectual.
A própria experiência pode mudar-nos. Pode enriquecer as
cores dos nossos dias. O conhecimento que se pode obter é como
uma cobertura através da qual se olha, às vezes, para
que possamos ver o mundo sob uma luz bruxuleante, mais expansiva e translúcida.
Em suma, o trabalho da EFDC é uma opção óbvia
para quem estiver interessado em explorar o complexo e misterioso universo
de energia onde todos habitamos. Com a prática, pode-se usá-la
efetivamente como porta para o conhecimento intuitivo e para as experiências
de conhecimento direto. Uma vez na posse dos elementos básicos,
pode-se passar literalmente um dia no campo enquanto fora-do-corpo.
As
oportunidades educacionais são abundantes. Por exemplo, pode-se
simplesmente pedir para encontrar um guia ou um mestre. Ou pode-se tomar
a decisão de enfrentar cara a cara um eu reencarnacional. Talvez
você prefira viajar para uma estrela distante ou atravessar caminhando
a parede do seu quarto de dormir. Ou talvez tenha meditado sobre a possibilidade
de viajar no tempo e gostasse de explorar os séculos em primeira
mão. Espero que as minhas palavras não soem como as de
um agente de viagens quando digo que tudo isso e muito mais pode ficar
ao seu alcance se inscrever para esta aventura. E inscrever-se significa
simplesmente dedicar algum tempo e energia à aprendizagem da
arte da viagem astral.
Divertimento
e Jogos
Disse
antes que a prática da EFDC é educativa, inspiradora e
prática. Eu acrescentaria agora que talvez a mais óbvia
razão para praticar as experiências fora-do-corpo é
que é incrivelmente divertido. Refiro-me à diversão
com D maiúsculo. Tenho tido algumas das mais excitantes e extasiantes
experiências de minha vida enquanto fora do meu corpo. A nossa
ilimitada energia e a alegria natural da nossa existência estão
sempre presentes, se nos permitirmos senti-las. De algum modo, a espécie
de experiências que podemos ter enquanto fora dos nossos corpos
pode ajudar a reavivar uma percepção aguda da magia do
universo físico e não-físico. Embora esqueçamos
às vezes de como é espantoso existirmos em corpos que
sabem como caminhar, respirar, crescer e curar-se, há coisas
que podemos fazer para ajudar-nos a estar novamente em contato com o
nosso mais íntimo conhecimento. Jogar pode ajudar-nos a fazer
isso, pois quando jogamos temos maior acesso a esse conhecimento interior.
Existem muitos "jogos" diferentes que podem ser realizados a fim de
se entrar em contato com a alegria e a sabedoria que são nosso
legítimo direito de nascença. Um deles é o jogo
de deixar o corpo físico com plena consciência. Para se
adquirir proficiência nesse jogo, é importante praticá-lo
com uma atitude lúdica. Desse modo, a pessoa aprenderá,
sem dúvida, num ritmo acelerado e divertir-se-á pelo caminho.
Pratique essa Idéia! Conheça-te a Ti Mesmo!