Ateísmo é a negação ou a falta da crença
na existência de deus(es). O termo ateísmo vem do prefixo
grego "a-", significando "ausência", e da palavra grega theos,
significando "divindade". A negação da existência
de Deus é conhecida como ateísmo "ativo" ou "forte"; a
simples descrença é denominada ateísmo "passivo"
ou "fraco". Apesar de o ateísmo ser freqüentemente visto
como algo distinto do agnosticismo - visão segundo a qual não
podemos saber se uma divindade existe ou não, mantendo uma posição
neutra sobre o assunto -, ele é compatível com o ateísmo
"passivo".
O
ateísmo possui uma vasta quantidade de implicações
à condição humana. Com a ausência da crença
num deus, as questões éticas devem ser determinadas em
função dos objetivos e preocupações humanas,
cabendo a nós assumir responsabilidade total pelo nosso destino.
A morte, nessa visão, marca o fim da existência de um indivíduo.
Em 1994 estimava-se que havia aproximadamente 240 milhões de
ateus no mundo - cerca de 4% do total -, incluindo aqueles que professam
o ateísmo, o ceticismo, a descrença ou que opõem-se
à religião. A porcentagem estimada aumentou significantemente,
sendo atualmente algo em torno de 21% da população mundial
(se ateus "passivos" forem incluídos).
O Escopo do Ateísmo
Em tempos antigos, pessoas utilizavam ocasionalmente a palavra "ateísmo"
como uma ofensa às posições religiosas de seus
opositores. Os primeiros cristãos eram chamados de ateus porque
negavam a existência das divindades romanas. Ao longo do tempo
muitos mal-entendidos surgiram: que os ateus são imorais, que
a moralidade não pode ser justificada sem a crença em
um deus, que a vida não tem sentido sem um criador. Apesar dessa
visão ser bastante difundida, não há evidências
de que ateus são menos morais que os teístas. Muitos sistemas
morais foram criados sem pressupor a existência de um ser sobrenatural.
O "sentido" da vida humana pode basear-se em objetivos terrenos, como
melhoria da humanidade.
Na sociedade ocidental o termo ateísmo foi utilizado mais especificamente
para designar a negação do teísmo, particularmente
o judaico-cristão, que afirma a existência de um Deus pessoal
todo-poderoso, todo-sabedoria e todo-bondade. Esse ser criou o Universo,
preocupa-se ativamente com problemas humanos e guia sua criação
através da revelação divina. O ateísmo "ativo"
rejeita esse Deus e as crenças a ele associadas, como a na vida
pós-morte, na predestinação, nas origens sobrenaturais
do Universo, nas almas imortais, na revelação da natureza
divina através da Bíblia e do Corão e na fundamentação
religiosa da moral.
O teísmo, entretanto, não é um componente de todas
as religiões. Algumas rejeitam o teísmo, mas não
são inteiramente atéias. Apesar do Bhagavad-Gita - escritos
sagrados do hinduísmo - ser totalmente fundamentado em tradições
teísticas, escritos hindus mais antigos - conhecidos como os
Upanishads - ensinam que o Brahman (a realidade última) é
algo impessoal. O ateísmo "ativo" rejeita até os aspectos
panteístas do hinduísmo, que igualam Deus ao Universo.
Várias outras religiões orientais, incluindo o budismo
theravada e o jainismo, são comumente vistas como crenças
ateísticas, mas essa interpretação, a rigor, não
é correta. Tais religiões rejeitam a idéia de um
Deus criador do Universo como defendido pelo teísmo, mas admitem
numerosos outros deuses inferiores. Na melhor das hipóteses,
só podem ser consideradas "ateísticas" no sentido de que
não aceitam o teísmo.
História
No mundo intelectual do Ocidente o fenômeno da difusão
da descrença em Deus possui uma longa e distinta história.
Filósofos da antiguidade, como Lucrécio, eram descrentes.
Mesmo na Idade Média (do V ao XV século) havia correntes
de pensamento que questionavam as assunções teístas,
incluindo o ceticismo - doutrina que alega a impossibilidade de se alcançar
o "verdadeiro conhecimento" - e o naturalismo - crença de que
apenas forças naturais governam o mundo. Vários pensadores
iluministas (1700-1789) eram ateus militantes, incluindo o escritor
dinamarquês Baron Holbach e o enciclopedista francês Denis
Diderot. Expressões de descrença são também
encontradas em clássicos da literatura ocidental, incluindo os
escritos de poetas ingleses como Percy Shelley e Lord Byron; do novelista
inglês Thomas Hardy; de filósofos franceses como Voltaire
e Jean-Paul Sartre; do autor russo Ivan Turgenev e de escritores americanos
como Mark Twain e Upton Sinclair. Os ateus e críticos de religião
mais articulados e conhecidos do século XIX são os filósofos
alemães Ludwig Feuerbach, Karl Marx, Arthur Schopenhauer e Friedrich
Nietzsche. O filósofo britânico Bertrand Russel, o psicanalista
austríaco Sigmund Freud e Sartre estão entre os ateus
mais influentes do século XX.
Motivos para Rejeitar Deus
Críticas ao Teísmo
Ateus justificam suas posições filosóficas de várias
maneiras. Ateus "passivos" tentam fundamentar sua posição
através da refutação dos argumentos em favor da
existência de Deus, como o ontológico, o da causa primeira,
o do design inteligente e o da experiência religiosa. Outros argumentam
que qualquer afirmação sobre Deus é vazia, pois
atributos como "onisciência" e "onipotência" são
incompreensíveis à mente humana. Os que professam o ateísmo
"ativo", em contrapartida, defendem sua posição argumentando
que o conceito de Deus é inconsistente. Eles questionam, por
exemplo, como um Deus "todo-sabedoria" pode ser ao mesmo tempo "todo-bondade"
e como um Deus que não possui corpo físico pode ser "onisciente".
O Problema do Mal
Alguns ateus "ativos" adotam a posição de que a existência
do mal torna Deus algo improvável. Em particular, ateus afirmam
que o teísmo não explica adequadamente o porquê
da existência de um mal aparentemente sem sentido, como o sofrimento
de uma criança inocente. Teístas comumente defendem a
existência do mal argumentando que Deus deseja que os humanos
possuam liberdade de escolha entre o bem e o mal, ou que a função
do mal é construir o caráter humano, lhes proporcionando
qualidades como a perseverança. Ateus "ativos" contra-argumentam
que as justificativas para o mal dadas pelos teístas em termos
de livre-arbítrio deixam de explicar por que, por exemplo, uma
criança possui doenças genéticas ou sofre violências
e abusos de adultos. Os argumentos de que Deus permite a dor e o sofrimento
para construir o caráter humano falham, por sua vez, em explicar
por que havia sofrimento entre os animais existentes antes que os humanos
evoluíssem e por que o caráter não pode ser desenvolvido
com menos sofrimento. Para ateus, uma melhor explicação
para a presença do mal no mundo é a inexistência
de Deus.
Evidências Históricas
Ateus também criticaram evidências históricas utilizadas
para sustentar as crenças das maiores religiões teísticas.
Por exemplo, argumentaram que a falta de evidências lança
dúvidas sobre importantes doutrinas do cristianismo, como a de
que Jesus Cristo nasceu de uma virgem e a de que ressuscitou após
ter sido crucificado. Devido a tais eventos representarem milagres,
os ateus dizem que evidências extremamente fortes são necessárias
para sustentar sua veracidade. As evidências disponíveis
para respaldar os supostos milagres - de fontes bíblicas, pagãs
e judaicas -, segundo os ateus, são fracas, e por isso devem
ser rejeitadas.
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