Comunicar-se bem não é apenas falar com clareza, fluência
e correção gramatical. Antes de tudo, comunicar-se é
ter uma atitude compreensiva e interessada para com o outro. É
o relacionamento que determina a qualidade da comunicação
e não apenas a eficiência ao falar. Cada pessoa é
única e apresenta uma personalidade diferente. Sua singularidade
e reações próprias possuem histórico. Na
sua formação, foi marcada por realidades, cultura, valores
e grupos diferentes; meio familiar, meio escolar, meio do trabalho,
abertura de espírito, cultura, etc... No decurso da discussão,
cada indivíduo intervirá em função da sua
experiência, conhecimentos e perspectivas, quando quiser que o
seu ponto de vista prevaleça, argumentará a fim de convencer
o seu interlocutor.
A diversidade pode constituir uma riqueza e será necessário
torná-la fecunda através de uma complementaridade dos
envolvidos: mas, de início, poderá ser uma fonte de oposição
violenta. O problema surge, entre outras razões, pela dificuldade
de sabe escutar e receber feedbacks. Escutar é uma coisa. Ouvir
é outra. Escutar é uma capacidade natural e automática.
Ouvir exige interesse, respeito, envolvimento com quem fala e preocupação
em compreendê-lo. Ouvir exige também humildade, porque
significa que admitimos não saber tudo e que, podemos abrir mão
da nossa necessidade de ser o centro das atenções. Por
isso é tão difícil ouvir. Mas, deixando de fazê-lo,
perdemos informações preciosas, investimos em alternativas
erradas, desperdiçamos boas idéias, jogamos fora energias,
tempo e recursos. Muitas vezes, perdemos momentos importantes de construção
de relações humanas significativas.
O que impede a audição eficaz? Os quatro bloqueios mais
importantes são:
- Ficar "preso" a imagem visual do outro. Estamos falando dos estereótipos
ou primeiras impressões negativas. Assim, o simples fato de se
tratar de um outro indivíduo, você poderá ficar
"surdo" para a pergunta que ele fez sobre as horas, pois acha que o
mesmo se aproximou para te assaltar.
- Tentar extrair apenas os fatos, desprezando os outros elementos, como
por exemplo, os sentimentos. Neste caso, o tipo é do ouvinte
parcial ou que faz os "recortes" da fala do outro que lhe interessa
apenas. O exemplo aqui é achar que um homem é "frouxo"
porque teve apenas um caso de impotência sexual. As frases do
rapaz de que ele tinha sido induzido ao sexo e que não estava
devidamente excitado não têm espaço na relação
humana, porque o mais "importante" já foi obtido: "o cara não
dá conta do recado";
- Reagir emocionalmente a certas palavras, bloqueando o recebimento
da mensagem: por exemplo, alguém diz: "vou me separar do meu
marido" e a outra pessoa entra em pânico porque a palavra "separação"
a faz lembrar dos momentos em que "perdeu" seu marido;
- Rejeitar antecipadamente um assunto. Muitas pessoas acreditam que
sabem com antecedência quando um assunto vai ser aborrecido ou
difícil. Aí, fechamos nossas mentes a ele. Ou ouvimos
apenas em parte para confirmar nossa concepção prévia.
Uma importante diretora da creche municipal de São Paulo chorou
quando a Erundina ganhou a prefeitura. O motivo era o seguinte: Ela
achava que as crianças seriam desprezadas, pois os comunistas
"só pensam neles mesmos". ;
- Reagir à forma e, consequentemente, recusar ouvir o conteúdo.
Quando alguma expressão da pessoa que fala nos incomoda (por
exemplo: voz chorosa, maneirismos, etc.), temos tendência a criticar
o conteúdo.
Na comunicação interpessoal de boa qualidade, saber ouvir
é fundamental. Ouvir atentamente, significa ouvir com ouvidos,
olhos, mente e corpo. O exercício da humildade é importante.
Quando você ouve com sinceridade, a outra pessoa se sente compreendida
e considerada. Ouvir atentamente não significa que você
concorda com o que é dito. Muitos relacionamentos estão
paralisados por causa da ausência de comunicação
autêntica. As pessoas estão no "automático" e "já
sabem" o que esperar do outro.
CLIMAS DE NEGOCIAÇÃO: COMO TORNÁ-LOS POSITIVOS
OU CONSTRUTIVOS
O clima de uma negociação determina a maior ou menor cooperação
entre os negociadores e, consequentemente, afeta a eficácia do
processo. Há uma série de comportamentos que facilitam
o clima de negociação e outros que o dificultam.
A seguir, listamos ambos os comportamentos, incentivando o leitor a
analisar suas negociações diante das alternativas apresentadas.
CLIMA DEFENSIVO - CRIA "DEFESAS" NO OUTRO (EVITAR)
- RIGIDEZ: dogmatismo, doutrinação, conservadorismo, comportamento
'conforme o figurino'
- SUPERIORIDADE/INFERIORIDADE: avaliação-julgamento-correção,
não aceitação de ajuda, independência, tratamento
do outro como carente de ajuda, concentração nas limitações
do outro, ênfase no medo, risco, cuidado.
-
SUBJETIVIDADE: fantasia, 'achismo'; motivos, intenções,
sentimentos; cuidado em não desagradar; uso de rótulos,
estereótipos; referência ao passado ou futuro inacessíveis;
preocupação com outros relacionamentos.
-
SUBTERFÚGIOS: manobras, traição; tramas, respostas
programadas; sonegação de informações.
-
FRIEZA: apatia, passividade; ausência de sentimentos; intolerância;
exclusivismo; interpretação de papel.
CLIMA CONSTRUTIVO: CRIA "BOA VONTADE" (INCENTIVAR)
- MUTABILIDADE: redefinição de problemas, busca conjunta
de soluções, apelo à criatividade; inovações,
flexibilidade e liberdade para tentar novas soluções.
-
IGUALDADE: respeito mútuo-colaboração; busca de
crescimento pessoal; reciprocidade; tratamento como alguém único,
semelhante; concentração nas potencialidades do outro;
ênfase no desafio, na força e liberação.
-
OBJETIVIDADE: descrição fiel. Uso de dados e fatos concretos;
Orientação para solução de problemas; manifestação
de pensamentos e sentimentos; consideração do comportamento
manifesto; referência ao tempo compartilhado; preocupação
com sentimentos e comportamentos atuais.
-
ESPONTANEIDADE: meios explícitos, propósitos claros; relacionamento
manifesto, motivação simples; abertura de informações.
-
EMPATIA: identificação com o problema do outro, engajamento;
sentimentos compartilhados; compreensão; aceitação
de diferenças individuais; autenticidade.
ASSERTIVIDADE
Teoricamente, endossamos sem reservas o conceito de igualdade entre
os seres humanos. Cada indivíduo tem os mesmos direitos fundamentais
que seu semelhante nas relações interpessoais. No entanto,
na maioria das vezes, para algumas pessoas (e pelo menos algumas vezes
para outras), esse conceito não faz presente nos comportamentos
expressos. Nem sempre conseguimos resolver de maneira satisfatória
o problema do vizinho que ouve música numa altura que atrapalha
nosso sono.
Ou mudamos o nosso quarto, dormimos com algodão nos ouvidos,
ou simplesmente encaminhamos um protesto escrito para o síndico,
gerando uma situação de mal estar entre vizinhos. Poderíamos
abordar os vizinhos com clareza, negociando um horário em que
todos se sentiriam bem com os resultados. Esse seria um comportamento
assertivo: o comportamento que torna a pessoa capaz de agir em seus
próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar
sentimentos sinceros sem constrangimento e exercitar os seus direitos
sem negar os alheios. A pessoa não-assertiva tende a pensar na
resposta depois que a oportunidade passou.
Fica, geralmente, ressentida consigo própria, com a sensação
altamente desconfortável de 'ter engolido mais um sapo.' A pessoa
agressiva pode responder muito vigorosamente, causando uma forte impressão
negativa e mais tarde arrepender-se disso. O indivíduo assertivo
não passa pela vida cheio de inibições, cedendo
à vontade alheia, guardando desejos dentro de si, ou ao contrário,
destruindo outros a fim de atingir seus objetivos. Desenvolve controle
de si mesmo nas relações interpessoais, sente-se confiante,
é espontâneo na expressão dos sentimentos sem hostilidade
nas situações eventuais de invasão por parte de
outras pessoas.
SITUAÇÃO
Você está de pé perto do caixa esperando para pagar
sua compra e pegar o seu embrulho. Outros que chegaram depois de você
estão sendo atendidos primeiro. Você já está
cansado de esperar.
RESPOSTA AGRESSIVA: grita que o serviço daquela loja é
péssimo, atira sua compra no balcão e vai embora.
RESPOSTA NÃO ASSERTIVA: você coloca o artigo de volta na
prateleira ou se aproxima mais do caixa para chamar sua atenção.
RESPOSTA
ASSERTIVA: você diz ao balconista que está na frente de
outras pessoas e gostaria de ser atendido imediatamente.
FUNDAMENTOS PARA UM COMPORTAMENTO ASSERTIVO:
Milhares de pessoas têm descoberto que se tornar assertivo é
um processo de aprendizagem possível e contínuo. Como
a maioria das mudanças, o caminho da auto-asserção
pode provocar reações inicialmente adversas por parte
das pessoas que o rodeiam. O caminho é colocar com pequenas asserções
que tenham possibilidade de serem compensadoras e depois prosseguir
com as mais difíceis. Sabemos que toda a mudança apresentar
um custo, mas, a motivação intrínseca decorrente
do comportamento assertivo provoca uma sensação de auto-estima
gradativa altamente compensadora.
O reforço social aparente que recebemos quando somos gentis e
polidos vai sendo substituído pela sensação de
auto-estima, auto-respeito e consolidando a mudança. As pessoas,
de modo geral, tem duas possibilidades nas suas relações
sociais: ou elas fazem o que esperam delas, ou fazem o que querem fazer.
No primeiro caso, temos os comportamentos: no segundo, as ações.
Os comportamentos são as expectativas sociais (de fora para dentro)
que nós introjetamos durante o processo de socialização
(tornar-se social). A ação é o resultado do livre
arbítrio (de dentro para fora). Quando um indivíduo age,
ele está levando em conta as motivações internas,
que mesmo tendo sido também, produtos de um processo anterior
de socialização, nesse momento específico podem
direcionar o indivíduo para o lado oposto ao que todos estão
indo. O equilíbrio entre identidade e socialização
é a media da ASSETIVIDADE.
O PROCESSO PASSO A PASSO
1. Observe seu próprio comportamento. Você tem sido assertivo?
Está satisfeito com sua atuação nas relações
interpessoais?
2.
Concentre-se numa situação determinada onde eventualmente
você não tem sido assertivo. É possível que
a não asserção seja situacional e só ocorra
diante de determinadas pessoas e não generalizada.
3.
Observe um modelo eficaz. É muito útil observar alguém
que saiba lidar satisfatoriamente com aquela situação.
4.
Considere respostas alternativas. Identifique o que seria não
assertivo, agressivo e assertivo naquela situação.
5.
Imagine-se lidando com a situação "treine" mentalmente
a resposta assertiva.
6.
Coloque-a em prática
7.
Obtenha feedback. Observe particularmente a força da sua atuação
e o impacto dela no outro.
Haverá situações nas quais você poderá
optar pela não asserção. Desde que você esteja
realmente convicto de que consegue ser assertivo, você pode num
dado momento decidir que você não deve ser assim. Por exemplo,
quando você tem certeza que o interlocutor é incapaz de
aceitar mesmo as asserções mais simples. Embora existam
pessoas que simulam fraqueza para manipular os outros, outras pessoas
são realmente frágeis e podem se ferir diante da menor
asserção. Se o contato com essas pessoas não pode
ser evitado, o mais adequado é aceitá-las como são
e não causar atritos. Num caso como esse a não asserção
é problema dessa pessoa e não seu.
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